“Rede social é composta por pessoas, com seus sentimentos e emoções, e a internet é mais um canal de relacionamento e encontro, com pessoas por trás dessas redes. E elas podem aproximar ou afastar”. Estas são palavras do consultor do Sebrae Eduardo Tadeu Mantovani, economista com especialização em gestão de negócios pela USP. Com mais de 40 mil atendimentos destinados a pequenas empresas e micro empreendedores individuais, ele fala, em entrevista exclusiva, sobre alternativas à crise, internet e marketing digital, dá várias dicas ao empreendedor e revela oportunidades. Confira:
AL – Diariamente, fala-se em crise econômica e, fora do Brasil, o cenário não é muito diferente. Mas, até que ponto, empresários têm usado a crise como justificativa para continuarem na zona de conforto?
Alguns (têm feito isso) como forma de fuga do que está sobre suas próprias responsabilidades, do que está em seu poder resolver, melhor, solucionar. Por exemplo: venho atendendo empresários que estão melhor agora, se comparados há 3 anos. Ou seja, no momento “crise” é que despertaram. Para compensar as perdas com a inflação, de custos e desaquecimento da economia, passaram a eliminar desperdícios, otimizar recursos existentes, melhorar negociações, relacionamento com os clientes, dentre outras estratégias. Existem várias ações que, nesse momento, o empresário pode fazer e sem necessariamente investir dinheiro.
AL – Como o pequeno e o microempreendedor devem enfrentar a crise e garantir seus negócios?
Gestão de Custos e preço de venda: melhor negociação nas compras e parcerias com fornecedores, melhoria no atendimento e relacionamento com clientes, criar um clima organizacional interno mais favorável, identificar qual a proposta de valor de seu negócio, qual é seu diferencial competitivo (excluindo o preço). Deve participar de capacitação – mas não sair fazendo cursos e palestras de forma deliberada, mas de forma coordenada. Existem hoje grandes oportunidades para vender para os governos estaduais, federais e municipais, com vantagens em relação a grandes empresas.
AL – Como as empresas e organizações da região estão se portando frente a um cenário retraído para este fim de ano e 2016?
Muitas de forma passiva, esperando passar. Outras estão agindo, não podem ficar apáticas a tudo. Entendam, que mesmo com as crises, negócios prosperam. O dinheiro troca de mãos e continuará circulando. Não interessa para ninguém o dinheiro parado. Pode ser mais cautelo, mas não estagnar.
AL – Como a internet e o marketing digital podem fazer diferença para pequenos e microempreendedores em tempos como os atuais?
É um recurso existente, que eles já têm disponível. Atualizar as informações, sites e mídias sociais. Investir na produção de fotos, e comunicação com clientes. Utilizar em favor do negócio. Entender que a internet disponível na empresa, é do cliente e deve ser utilizado para com o mesmo. E não (utilizar apenas para promoção) pessoal. As redes sociais, por exemplo, sempre existiram e sempre vão existir. Rede social é composta por pessoas, com seus sentimentos e emoções, e a internet é mais um canal de relacionamento e encontro, com pessoas por trás dessas redes. A rede social pode aproximar ou separar. A forma de utilização é que deve ser revista.
AL – Têm notado propensão à mudança de comportamento do empreendedor durante e após suas palestras na cidade da região de Sorocaba?
Sim, bastante. Estou me referindo aos atendimentos e palestras realizados por mim. Mais que em nível técnico de como vender e ou fazer, os fatores comportamentais e emocionais, que eu venho trabalhando com eles, estão fazendo muita diferença, seja para quem já é empresário, seja para quem pretende ingressar na esfera empreendedora.
AL – Qual sua visão sobre o futuro do micro e do pequeno empreendedor no Brasil, em médio e longo prazo?
Eles estão aprendendo a tomar conta de suas responsabilidades e efeitos de seus próprios erros, tendo-os como aprendizagem, estão saindo em campo, saindo da zona de conforto, com empreendedores com capacidade de competir em nível internacional. Óbvio que um ambiente favorável, com menor burocracia, acesso à tecnologia, entidades representativas atuantes, defendendo realmente os interesses, pode melhorar.